sábado, 25 de agosto de 2012
Por Gerson Freitas Jr. (Valor, 04/10/11) adverte que, apesar da alcunha de “celeiro do mundo”, o Brasil ainda está longe de ser o maior fornecedor global de alimentos. Mesmo com todo o crescimento recente, o país ainda está distante de alcançar os patamares de produção e exportação dos Estados Unidos, a maior potência agrícola do planeta. Contudo, há um quesito em que o agronegócio brasileiro lidera com folga e vantagem crescente sobre os concorrentes americanos: a geração de saldos comerciais.
Os últimos dados do Ministério da Agricultura mostram que o setor registrou saldo comercial recorde, de US$ 71,9 bilhões, no período de 12 meses encerrado em agosto. Líderes no ranking de exportação, os Estados Unidos estimam saldo de US$ 42,5 bilhões no ano encerrado no último dia 30, um resultado 40% inferior ao brasileiro. É importante fazer uma ressalva: há diferenças entre as metodologias adotadas por Brasil e EUA nesse cálculo. Ao contrário do nosso ministério, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) não contabiliza, por exemplo, transações de produtos florestais e pescados. Além disso, nenhum dos dois contabiliza suas importações de insumos para a produção agropecuária, o que superestima o resultado externo do setor.
Mesmo assim, o resultado é consistente com os últimos dados consolidados da Organização Mundial do Comércio (OMC), que aplica uma única metodologia. Segundo a OMC, o Brasil fez em 2009 um saldo US$ 30,6 bilhões maior que os EUA. Na comparação entre os dados de cada governo, a vantagem brasileira naquele ano foi de US$ 31,9 bilhões.
O agronegócio dos Estados Unidos produzia um saldo maior que o brasileiro até o fim dos anos 90. Em 1999, o Brasil, que sofria com a crise de países emergentes, viu-se obrigado a desvalorizar o real e a estimular as exportações para equilibrar as contas. O câmbio favorável, combinado com o financiamento para a renovação do maquinário (Moderfrota do BNDES) e a renegociação das dívidas do setor que o precedeu, abriu caminho para um novo ciclo de investimentos. De lá para cá, a vantagem brasileira apenas cresceu.
Os Estados Unidos ainda são os maiores exportadores brutos de produtos agropecuários. O USDA estima que o país vendeu o equivalente a US$ 137 bilhões nos últimos 12 meses, 55% mais do que os US$ 88 bilhões exportados pelo agronegócio brasileiro entre setembro de 2010 e agosto de 2011. Nesse quesito,os americanos ampliaram sua vantagem sobre os brasileiros, de cerca de US$ 30 bilhões para quase US$ 50 bilhões na última década.
A principal diferença entre os dois países está no fôlego das importações americanas, que saltaram de US$ 38,9 bilhões para US$ 94,5 bilhões desde o início dos anos 2000. Só nos últimos 12 meses, as despesas saltaram 20% impulsionadas pela alta dos preços. Com isso, os americanos importaram, na média, o equivalente a US$ 0,70 para cada dólar adicional exportado desde 2000.
O Brasil também viu suas importações se multiplicarem, proporcionalmente mais que as americanas, mas em uma base muito inferior: de US$ 5,7 bilhões, no ano 2000, para pouco mais de US$ 16,3 bilhões nos 12 meses até agosto. Desse modo, o setor agropecuário brasileiro importou apenas US$ 0,18 para cada dólar adicional exportado.
Os Estados Unidos são um país relativamente aberto, possuem uma demanda enorme e são dependentes das importações de vários produtos. Os americanos importam grandes volumes de açúcar, café, suco de laranja, frutas e outros itens tropicais. Apenas os desembarques de hortifrutigranjeiros nos últimos 12 meses são estimados em US$ 39,5 bilhões, 11% mais do que em 2010. As importações de açúcar e café, produtos dos quais o Brasil é o maior exportador mundial, ultrapassam a marca de US$ 13 bilhões no período.
Já o Brasil é autossuficiente em quase todos os produtos agrícolas. Vai demorar muito tempo até que o Brasil tenha uma renda capaz de comprometer o balanço agrícola. Até lá, vai continuar a importar apenas aquilo em que não é competitivo e tem o mercado aberto por causa do Mercosul, como nos casos como o do arroz e do leite.
Os biocombustíveis também tiveram papel relevante. Os subsídios ao etanol de milho fizeram com que todo o incremento na produção do grão nos Estados Unidos – cerca de 70 milhões de toneladas, mais do que cresceu toda a oferta de grãos e fibras no Brasil – fosse absorvido internamente, estagnando as exportações nos níveis do ano 2000. O etanol também limitou o potencial de crescimento da soja, que disputa área com o milho, e a competitividade da carne americana.
Com isso, os americanos abriram espaço para o Brasil. Segundo dados da OMC, os EUA viram sua participação nas exportações agrícolas globais cair de 13% para 10,2% entre 2000 e 2009. Já a fatia do Brasil cresceu (embora ainda seja tímida) de 2,8% para 4,9%. Brasil e EUA estão hoje muito próximos em competitividade. Mas, na margem, os americanos têm dificuldades para crescer, o que é uma enorme vantagem para o Brasil nessa disputa por mercado. O País tem cerca de 90 milhões de terras agricultáveis ainda virgens.
Disponível em http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2011/10/10/lideranca-mundial-do-brasil-em-superavit-do-agronegocio/, acesso em 25/08/2012.
Documentos estatístico do Dieese com dados bastante interessante:
http://www.dieese.org.br/anu/anuarioRural/anuarioRural10-11.pdf
http://www.dieese.org.br/anu/anuarioRural/anuarioRural10-11.pdf
Trecho do documento do Ministério da Agricultura sobre as projeções do agronegócio no Brasil até 2021:
"As projeções regionais mostram que o Rio Grande do Sul deve continuar liderando a expansão do arroz no Brasil nos próximos anos. A produção do Estado que representa em 2010/2011, 64,5% da produção nacional de arroz, deve aumentar a produção nos próximos anos em 23,6% e a área em 15,6%. Isso representa até 2020/2021 aumentos médios anuais de 2,1% da produção e de 1,42% da área de arroz no estado.
"As projeções regionais mostram que o Rio Grande do Sul deve continuar liderando a expansão do arroz no Brasil nos próximos anos. A produção do Estado que representa em 2010/2011, 64,5% da produção nacional de arroz, deve aumentar a produção nos próximos anos em 23,6% e a área em 15,6%. Isso representa até 2020/2021 aumentos médios anuais de 2,1% da produção e de 1,42% da área de arroz no estado.
A produção de cana-de-açúcar deve se expandir a taxas elevadas em todos os estados considerados. Em São Paulo a produção deve aumentar em 132,5 milhões de toneladas. Para atender a esse crescimento, a área no estado deve aumentar em 29,2% no final do período das projeções. Pelas previsões realizadas, o estado de Goiás é o que deve apresentar nos próximos anos maiores aumentos da produção (42,1%) e da área de cana-de açúcar (41,8%).
Mato Grosso deve liderar nos próximos anos o crescimento da produção e da área de milho e soja. Tanto a produção como a área têm previsão de crescimento nesse estado. O milho deve sofrer nos próximos anos redução de área em Minas Gerais e Paraná. Esse produto deve ceder área especialmente para a soja e possivelmente para a cana–de-açúcar. A soja deve aumentar a produção sem que haja redução de área em nenhum dos estados analisados. Também com relação a esse produto é surpreendente a liderança prevista para Mato Grosso."
Em sumas palavras: a soja e milho continua avançado e a cana ganha mais espaço!!
Todo o documento está disponível em: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Ministerio/gestao/projecao/PROJECOES%20DO%20AGRONEGOCIO%202010-11%20a%202020-21%20-%202_0.pdf, acesso em 25/08/2012.
Um interessante análise sobre a situação do cerrado em municípios de Goiais. Percebam, em dados, a área de cerrado e a área de pastagem!O artigo todo encontramos em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1982-45132012000100004&script=sci_arttext, acesso em 25/08/2012.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Sustentabilidade é possível?
Isso é ser sustentável?
O termo sustentabilidade vem sendo aplicado atualmente como o ponto X das questões ambientais, seja para produção de energia, alimentos, matérias-primas entre outros, envolvido em ações que visem preservar o meio ambiente e utiliza-lo de forma coerente e adequada. Mas ser sustentável talvez seja mais difícil do que imaginamos, já que o modelo econômico seguido atualmente não suportaria viver com os recursos naturais tão reduzidos.
Vejamos na imagem acima o exemplo daquilo que acreditamos ser o modelo a seguido pelos capitalistas ao se dizerem sustentáveis, ou seja, para tudo se tem um preço, alto por sinal.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Agrocombustíveis x biocombustíveis
Agrocombustíveis x biocombustíveis
Embora os dois termos venham sendo utilizados comumente como sinônimos, de fato não são. O Prof. Dr. do Departamento de Geografia, UNESP Presidente Prudente,José Tadeu Garcia Tommaselli, afirma que os agrocombustíveis só podem ser colocados na categoria dos biocombustíveis "[...] se forem obedecidos os preceitos básicos da sustentabilidade: melhoria das condições sociais da parcela da população que atua direta e indiretamente em todo o ciclo de produção;aumento da intensidade da cadeia econômica, com geração de empregose distribuição de renda e, por fim, mas não menos importante, produção dentro dos limites dos ecossistemas, evitando os impactos negativos sobre o ambiente natural e evitando a destruição da biodiversidade. [...]"1.
Refletindo sobre o assunto, escolhemos uma charge que acreditamos ser bastante representativa do que ocorre em nosso país no que se refere à produção dos agrocombustíveis e mostra o quanto ainda estamos distantes da sustentabilidade necessária para elevá-los à condição de biocombustíveis.
A charge, publicada na Folha de São Paulo, é de autoria do desenhista, cartunista e chargista brasileiro, Jean Galvão e foi extraída do blog de Daniel Hiraici.
Com o objetivo de ampliar as possibilidades de leitura crítica da charge, disponibilizamos a seguir, um texto elaborado por Arthur Henrique de Oliveira(PUC-SP), pelo Programa de pós-graduados em História da Ciência PUC/SP, sob a orientação da Profa. Dra Maria Elice B.Prestes. Neste texto, o autor propõe reflexões a respeito das relações entre biocombustíveis e sutentabilidade.
BIOCOMBUSTÍVEIS E SUSTENTABILIDADE: REFLEXÕES NECESSÁRIAS
1 INTRODUÇÃO
A discussão em torno da produção de energia limpa e renovável não é recente,no final do século XIX Rudolph Diesel, inventor do motor de combustão interna (motor diesel) utilizou álcool e óleo de amendoim como combustíveis em seus ensaios (BARUFI et al, 2007), mas o tema ganhou caráter de urgência nos últimos tempos, principalmente após a divulgação do relatório sobre aquecimento global do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas). Diante do alarde provocado pelo relatório ficou patente a necessidade de adoção de medidas efetivas governamentais como forma de frear o aumento dos gases atmosféricos que causam aquecimento global, uma dessas medidas é o estimulo ao uso dos biocombustíveis.
Os biocombustíveis são fontes de energias renováveis, derivados de produtosagrícolas como a cana-de-açúcar, plantas oleaginosas (babaçu, amendoim, soja,mamona, girassol, canola, dendê, pinhão manso, arroz, etc), biomassa florestal e outras fontes de matéria orgânica, como a gordura animal.
1.1 Etanol
O etanol constitui-se hoje como um produto de diversas aplicações no mercado,sendo largamente utilizado como combustível automotivo na forma hidratada oumisturado à gasolina.
Definitivamente o etanol entrou na agenda de empresas de tecnologia, governose, principalmente, de investidores interessados nas grandes oportunidades que o setor tende a oferecer (PINTO, MELO et al, 2008).
Porém, apesar dos intensos impactos ambientais que a produção dosbiocombustíveis pode causar ao ambiente, a questão vem sendo negligenciada pelos que defendem a substituição do petróleo pelo álcool como medida para reduzir o aquecimento global. Recentemente a BBC Brasil, citando reportagem da Revista Time afirmou que o desmatamento na Amazônia está sendo acelerado por uma fonte improvável: os biocombustíveis (GARCEZ, 2008).
Segundo Cristo, (2008), historicamente no Brasil a produção de cana-de-açúcaré conhecida pela superexploração do trabalho, destruição do meio ambiente eapropriação indevida de recursos públicos. As usinas se caracterizam pela concentração de terras para o monocultivo voltado à exportação. Utilizam em geral mão-de-obra migrante, os bóias-frias, sem direitos trabalhistas regulamentados. Os trabalhadores são remunerados pela quantidade de cana cortada, e não pelo número de horas trabalhadas.
E ainda assim não têm controle sobre a pesagem do que produzem. Alguns chegam a cortar, obrigados, 15 toneladas por dia. Tamanho esforço causa sérios problemas de saúde, como câimbras e tendinites, afetando a coluna e os pés. Ainda segundo o religioso, o prefixo grego bio cujo significado é vida, deveria ser substituído por necro, morte, ou seja, os necrocombustíveis estão sendo denominados incorretamente de biocombustíveis.
1.2 Biodiesel
Biodiesel é uma denominação genérica para os combustíveis obtidos a partir deóleos vegetais e gorduras animais para serem usados em motores de ignição porcompressão, conhecidos como motores a diesel. É importante ressaltar que o óleo puro das oleaginosas não pode ser considerado como biodiesel, mesmo que misturado ao diesel de petróleo. Este é um engano bastante comum, apenas o diesel vegetal obtido pelo processo denominado quimicamente por transesterificação pode ser classificado como biodiesel. Quando se tem uma mistura de 2% de biodiesel e 98% de diesel, esta recebe o nome de B2, 3% B3, 5% B5, e assim por diante. Quando temos apenas biodiesel, atribuímos o nome de B100 (BARUFI at al, 2007).
Em relação ao biodiesel, apenas recentemente esse biocombustível entrou naagenda do governo brasileiro. Apesar da primeira patente do biodiesel no mundo ter sido obtida no Brasil, em 1980, pelo Professor Dr Expedito Parente, da Universidade Federal do Ceará seu processo de industrialização ocorreu na Europa nos 1990, sendo este continente hoje o principal mercado produtor e consumidor do mundo. No Brasil somente em 2004 é que foi lançado, oficialmente, pelo governo brasileiro o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (BARUFI, et al, 2007).
A tecnologia desenvolvida para a mistura direta de óleo vegetal ou animal ao diesel convencional vem sendo testada pela Petrobrás e recebe a denominação de “H-Bio”, possuindo características físicoquímicas idênticas às do diesel convencional, com exceção do fato de não conter enxofre em sua fórmula e não ser ainda economicamente viável (BARUFI et al, 2007).
2 PRINCIPAIS CRÍTICAS AOS BIOCOMBUSTÍVEIS
A preocupação com a questão ambiental não vem recebendo a mesma atençãoque o aumento de produção, fatores essenciais para a sustentabilidade da agricultura canavieira não estão sendo levados em conta, e embora seja indiscutível o avanço ambiental ocasionado pela substituição de boa parte dos combustíveis fósseis pelo etanol, principalmente nos grandes centros urbanos, não se pode dizer o mesmo dos impactos ecológicos de seu processo produtivo como a degradação de ecossistemas, poluição atmosférica causada pelas queimadas, poluição de cursos d’água e do lençol freático causado pela aplicação excessiva de agrotóxicos.
Também a rotina de trabalho nos canaviais equipara a vida útil dos cortadores àdos escravos do início da colonização brasileira. Devido à ação repetitiva e ao esforço físico, o trabalhador, com o passar do tempo, começa a apresentar problemas sérios de coluna, nos pés, câimbras e tendinites, já que chega a colher cerca de 15 toneladas de cana-de-açúcar por dia (ALVES, 1992). Geralmente nesse sistema manual de corte o contrato de trabalho é por tempo determinado, e os trabalhadores não recebem seguro desemprego, férias, décimo terceiro. Grande parte dos trabalhadores que compõem o contingente de cortadores são migrantes nordestinos requisitados preferencialmente porpossuírem um perfil para o corte manual. A necessidade premente de ganhar dinheiro, para assegurar a subsistência da família distante, tem funcionado como um freio que os torna mais tolerantes com os descumprimentos das leis trabalhistas, com as injustiças e as distorções que ocorrem nas medições, uma vez que o salário é calculado sobre a quantidade de cana cortada, quanto mais se corta, mais se ganha (NOVAES, 2007).
Segundo Cassol (2007), o etanol é um combustível limpo, produzido de maneirasuja, além de ambientalmente insustentável no processo de produção e socialmente perverso na maneira como aloca mão-de-obra e trata os trabalhadores, beneficiando apenas os grandes usineiros. E de acordo com estudos recentes o benefício do uso do etanol no combate ao aquecimento global é questionável, pesquisas recentes realizadas na Universidade de Minnesota (EUA), publicado em fevereiro pela revista Science, indicou que a conversão de florestas no Brasil, no Sudeste Asiático e nos EUA para o cultivo de grãos e outras plantas usadas como matéria-prima na produção de biocombustíveis pode gerar emissões de dióxido de carbono maiores do que as que se economiza com combustíveis fósseis.
Na Europa os ambientalistas têm adotado o termo agrocombustíveis, que é bemmenos positivo, em lugar de biocombustíveis (RANGEL, 2008). Também o Fórum de Soberania Alimentar realizado em fevereiro de 2007 em Mali, na África, a ViaCampesina Internacional decidiu que o termo biocombustível deveria ser substituído por agrocombustível. Isso porque a organização social avalia que o incentivo a esse tipo de combustível tem levado ao crescimento das monoculturas ameaçando a economia familiar e a soberania alimentar (CASSOL, 2007).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os riscos pela corrida desenfreada pela produção de biocombustíveis, devem nosalertar para os impactos ambientais gerados pela monocultura, do prejuízo à soberania alimentar e ao aumento da exploração econômica sobre os pequenos agricultores. Mesmo que toda a superfície da Terra fosse utilizada para produzir biocombustíveis, seria impossível a manutenção do consumo nos patamares de hoje, o que denota a necessidade urgente de se diversificar a matriz energética mundial. Porém, apesar das preocupações com os problemas ambientais serem hoje consensuais, não se pode afirmar o mesmo quando se discute as ações concretas e necessárias para a reversão desse quadro, uma vez que, a complexidade da situação requer a conciliação de interesses, muitas vezes antagônicos entre si.
O principal argumento usado para apostar nos biocombustíveis é que eles sãofontes renováveis de energia, ou seja, não se esgotam como o petróleo. Mas este cenário representa de fato uma saída para o colapso ambiental do planeta e uma alternativa para
a agricultura ou constitui-se apenas uma conjuntura para criar novas fontes deoportunidades para o agronegócio?
Referências Bibliográficas
ALVES, F. J. C.
Modernização da agricultura e sindicalismo rural. Campinas, Tese de Doutorado. Instituto de Economia. Unicamp Universidade Estadual de Campinas, 1992.
BARUFI, C.; PAVAN, M.O.; SOARES, M.Y. Biodiesel e os dilemas da inclusãosocial.
In: As novas energias no Brasil. Dilemas da inclusão social e programas degoverno. Célio Bermann (Org.). Rio de Janeiro: Fase, 2007.
CASSOL, D. Bioenergia, para quem? Acesso em 09 abril de 2008. Disponível em:
http://www.adital.org.br/site/noticia.asp.
CRISTO, C. A. L. Necrocombustíveis. Acesso em 10 abril 2008. Disponível em
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=28604
GARCEZ, B. Brasil vive efeito destrutivo dos biocombustíveis, diz Time. Acesso em 10 abril 2008. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story
NOVAES, J.R.P. Campeões de produtividade: dores e febres nos canaviaispaulistas.
Acesso em 09 abril de 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
PINTO, E.; MELO, M.; MENDONÇA, M.L. O Mito dos Biocombustíveis. Acesso em 10 abril 2008. Disponível em: http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=2949
RANGEL, C. União Européia já vê etanol como vilão e ameaça planos do Brasil.Acesso em 10 abril 2008. Disponível em: https://www.fao.org.br/vernoticias.
domingo, 19 de agosto de 2012
Biocombustíveis, energia limpa?
Os impactos ambientais provocados pela produção do etanol no Brasil; os danos da monocultura da cana nos Estados brasileiros; a questão da saúde dos trabalhadores; a incapacidade de combater as mudanças climáticas; os impactos na flora, fauna e recursos hídricos; são temas que são tratados numa catilha com o título de "Os impactos da produção de cana no Cerrado e Amazônia"
Organizadores - Comissão Pastoral da Terra - Rede Social de Justiça e Direitos Humanos
Esta cartilha está em pdf com o nome de Cartilha impactos da teste
http://www.observatoriodoagronegocio.com.br/.../CPT%20Etanol 141108
FAO sugere que EUA reduzam estímulo a biocombustível
FAO sugere que EUA reduzam estímulo a biocombustível
10/08/2012 - Autor: Jéssica Lipinski - Fonte: Instituto CarbonoBrasil
De acordo com diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, muitos incentivos à produção de biocombustíveis em tempos de instabilidade climática podem levar a crise no setor de alimentos
Nesta quinta-feira (9), o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, pediu em um artigo publicado no jornal Financial Times que os Estados Unidos revejam sua política de incentivo aos biocombustíveis com o objetivo de evitar uma crise no setor alimentar.
De acordo com Silva, que é agrônomo, a instabilidade climática e a seca severa que os EUA vêm enfrentando estão levando a uma redução na produção de alimentos, em especial dos cereais, no país, o que pode acirrar a disputa entre os setores de geração de biocombustíveis e de produção alimentícia, levando a uma crise neste último.
“Muitas das reduzidas colheitas serão reivindicadas para a produção de biocombustíveis, em conformidade com os mandatos federais dos EUA, deixando ainda menos para os mercados alimentícios”, comentou.
Isso leva a uma diminuição na oferta de cereais para a produção de alimentos, o que faz com que o preço destes suba. De fato, esse aumento já está sendo sentido no mercado. Segundo a FAO, em julho deste ano o Índice de Preços de alimentos chegou a 213 pontos, 12 (6%) acima do mês anterior e pouco abaixo do pico de 238 atingido em fevereiro de 2011.
A elevação ocorreu principalmente nos preços dos cereais, cujo índice atingiu a média de 260 pontos em julho, 38 pontos (17%) acima de junho e apenas 14 abaixo do pico de 274 alcançado em abril de 2008. Os preços mundiais do milho, por exemplo, subiram 23% em julho, e os do trigo, 19%, devido às baixas perspectivas das colheitas nos Estados Unidos e na Rússia.
“Com os preços mundiais dos cereais aumentando, a competição entre os setores alimentício e de combustíveis por colheitas como milho, açúcar e sementes oleaginosas tende a se intensificar”, explicou Silva.
Por isso, o diretor-geral da FAO sugere que o governo norte-americano diminua ou suspenda temporariamente o seu Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS), que exige que as empresas de combustíveis garantam que 9% de seus reservatórios de gasolina sejam destinados para o etanol, o que exige que boa parte da produção de cereais dos EUA seja convertida em biocombustíveis.
“No momento, relata-se que a produção de energia renovável nos EUA tenha atingido 15,2 bilhões de galões em 2012, para os quais usou o equivalente a cerca de 121,9 milhões de toneladas, ou aproximadamente 40%, da produção de milho dos EUA”, observou ele.
“Uma forma de aliviar um pouco da tensão seria diminuir ou suspender temporariamente os mandatos dos biocombustíveis. Uma suspensão imediata e temporária desse mandato daria algum descanso ao mercado e permitiria que mais colheitas fossem canalizadas para usos alimentares”, acrescentou.
Alguns defensores do padrão sustentam que, se o RFS fosse suspenso temporariamente, poderia gerar alguns efeitos indesejáveis, como diminuir também o incentivo ao uso de celulose e outros produtos que desestimulam a dependência dos biocombustíveis em produtos alimentícios.
Além disso, representantes do governo indicam que é improvável que o mandato seja alterado, justificando também que tal mudança teria pouco ou nenhum impacto nos preços dos alimentos.
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6707052356800126320#editor/target=post;postID=5888333524084537868
Acesso em 19/08/2012
De acordo com Silva, que é agrônomo, a instabilidade climática e a seca severa que os EUA vêm enfrentando estão levando a uma redução na produção de alimentos, em especial dos cereais, no país, o que pode acirrar a disputa entre os setores de geração de biocombustíveis e de produção alimentícia, levando a uma crise neste último.
“Muitas das reduzidas colheitas serão reivindicadas para a produção de biocombustíveis, em conformidade com os mandatos federais dos EUA, deixando ainda menos para os mercados alimentícios”, comentou.
Isso leva a uma diminuição na oferta de cereais para a produção de alimentos, o que faz com que o preço destes suba. De fato, esse aumento já está sendo sentido no mercado. Segundo a FAO, em julho deste ano o Índice de Preços de alimentos chegou a 213 pontos, 12 (6%) acima do mês anterior e pouco abaixo do pico de 238 atingido em fevereiro de 2011.
A elevação ocorreu principalmente nos preços dos cereais, cujo índice atingiu a média de 260 pontos em julho, 38 pontos (17%) acima de junho e apenas 14 abaixo do pico de 274 alcançado em abril de 2008. Os preços mundiais do milho, por exemplo, subiram 23% em julho, e os do trigo, 19%, devido às baixas perspectivas das colheitas nos Estados Unidos e na Rússia.
“Com os preços mundiais dos cereais aumentando, a competição entre os setores alimentício e de combustíveis por colheitas como milho, açúcar e sementes oleaginosas tende a se intensificar”, explicou Silva.
Por isso, o diretor-geral da FAO sugere que o governo norte-americano diminua ou suspenda temporariamente o seu Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS), que exige que as empresas de combustíveis garantam que 9% de seus reservatórios de gasolina sejam destinados para o etanol, o que exige que boa parte da produção de cereais dos EUA seja convertida em biocombustíveis.
“No momento, relata-se que a produção de energia renovável nos EUA tenha atingido 15,2 bilhões de galões em 2012, para os quais usou o equivalente a cerca de 121,9 milhões de toneladas, ou aproximadamente 40%, da produção de milho dos EUA”, observou ele.
“Uma forma de aliviar um pouco da tensão seria diminuir ou suspender temporariamente os mandatos dos biocombustíveis. Uma suspensão imediata e temporária desse mandato daria algum descanso ao mercado e permitiria que mais colheitas fossem canalizadas para usos alimentares”, acrescentou.
Defesa
Embora o programa norte-americano de estímulo aos biocombustíveis enfrente críticas como o potencial aumento no preço dos alimentos, também recebe muito apoio dos estados e empresas que investem na produção destes biocombustíveis, o que em ano eleitoral significa criar uma situação delicada para o presidente Barack Obama, candidato à reeleição.Alguns defensores do padrão sustentam que, se o RFS fosse suspenso temporariamente, poderia gerar alguns efeitos indesejáveis, como diminuir também o incentivo ao uso de celulose e outros produtos que desestimulam a dependência dos biocombustíveis em produtos alimentícios.
Além disso, representantes do governo indicam que é improvável que o mandato seja alterado, justificando também que tal mudança teria pouco ou nenhum impacto nos preços dos alimentos.
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6707052356800126320#editor/target=post;postID=5888333524084537868
Acesso em 19/08/2012
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Alimentos e biocombustíveis
Alimentos e biocombustíveis
Antonio J. A. Meirelles
Antonio J. A. Meirelles
Após um período de avaliação, em geral, muito positiva, os biocombustíveis passaram a ser questionados de forma bastante intensa, com a ênfase colocada no possível conflito entre a produção de energia e de alimentos. A conseqüência direta da disputa pelo mesmo espaço de produção seria a elevação dos preços de diversas matérias-primas agrícolas, com impacto imediato no custo de alimentação dos setores menos favorecidos da população. Com menor repercussão, mas igualmente relevantes, outros questionamentos vem sendo levantados, associados seja ao impacto negativo sobre o meio ambiente de uma expansão acelerada da agricultura, seja aos riscos de uma especialização nacional em produtos primários.
Dilemas como estes, pelo menos no caso brasileiro, deveriam ser analisados à luz de uma experiência de mais de 30 anos na produção de bioetanol. Apesar dos equívocos que se possa atribuir ao Pró-Álcool, o certo é que o êxito obtido parece hoje inegável. Baseado, desde seu início, no binômio Alimentos e Energia, o Pró-Álcool aumentou a flexibilidade da produção sucro-alcooleira, viabilizando uma enorme ampliação das escalas de produção e um rápido processo de incorporação, aperfeiçoamento e desenvolvimento de tecnologias. O resultado foi a expansão da produção de açúcar a uma taxa anual de 4,6% e a de álcool a 9,5% nos últimos 36 anos.
Se colocarmos o total de açúcar e de álcool produzidos no país em uma base única, expressa na forma de álcool hidratado equivalente por hectare de área plantada, pode-se estimar que a produtividade agroindustrial do setor sucro-alcooleiro cresceu, desde o início do Pró-Álcool, a uma taxa anual de 3,8% (vide Nastari, 2005). Este índice é o resultado de significativos ganhos de eficiência produtiva: ganhos na quantidade de cana por hectare, de 53 toneladas em 1977 para 80 em 2003, no teor de açúcar contido nesta cana, de 9,5% para 14%, no rendimento da extração, de 88% para quase 98%, no tempo de fermentação do caldo, que caiu a quase ¼ do valor vigente no início do período, e no teor final de álcool no vinho, o qual praticamente duplicou durante estes quase 30 anos (vide Amorim e Lopes, 2005).
A expansão da produção sucro-alcooleira deslocou outras culturas agrícolas ou ocupou terras utilizadas anteriormente pela pecuária, mas, apesar de todo seu crescimento, a lavoura canavieira ocupa atualmente cerca de ¼ da área utilizada pela soja, menos da metade daquela ocupada pelo milho e pouco menos de 10% do total de área atualmente cultivada no país. Por sua parte, este total corresponde a cerca de 20% dos mais de 300 milhões de hectares considerados como agricultáveis no território nacional. Desta forma, o espaço ocupado pela cana para o fim exclusivo de produção de bioetanol corresponde a menos de 1% da terra agricultável nacional, já que a produção de açúcar e de álcool divide, de forma aproximadamente igual, a quantidade total de cana cultivada. À luz destes dados não parece muito provável um conflito entre alimentos e combustíveis pela terra agrícola nacional.
Por outro lado, a expansão da produção de biocombustíveis terá outro tipo de efeito na economia brasileira: ao ampliar significativamente a escala do negócio agroindustrial e reduzir os custos unitários de produção, aquela expansão deverá viabilizar economicamente a produção de diversos outros bioprodutos para alimentar vários segmentos industriais. A recente parceria entra grandes empresas químicas e usinas tradicionais para a produção do “plástico verde” (polietileno derivado do etanol) indica uma trajetória cada vez mais provável para vários bioprodutos.
A combinação da produção de óleos vegetais e biodiesel deverá não só repetir o sucesso do binômio açúcar e álcool, como também ampliar o leque de possíveis bioprodutos a serem gerados de matérias-primas agrícolas (vide Schuchardt et al., 2001). A transformação das unidades agroindustriais em biorrefinarias, capazes de produzir uma gama variada de insumos renováveis e se constituindo em um segmento industrial de base biotecnológica, é uma possibilidade colocada no horizonte de nosso desenvolvimento econômico.
De fato, pela disponibilidade de terras agricultáveis, por possuir uma agroindústria já madura, por ter uma mão-de-obra especializada com capacidade comprovada de desenvolver tecnologias agrícola e industrial próprias, por possuir um setor produtor de bens de capital para a agroindústria já desenvolvido, e pelos mais de 30 anos de experiência acumulada com a produção conjunta de alimentos e biocombustíveis, o Brasil parece ser na atualidade o país que reúne as melhores condições para viabilizar uma trajetória deste tipo.
Não há dúvida de que tal evolução aumentará a pressão sobre a agricultura, requerendo uma contínua elevação de sua produtividade, mas os benefícios que gerará no longo prazo não estão somente associados ao desenvolvimento econômico, tecnológico e social, como também à garantia de uma maior sustentabilidade deste desenvolvimento, do ponto de vista ambiental, já que tal evolução significará transitar para uma economia crescentemente baseada em recursos renováveis.
Vale, por fim, mencionar que a elevação dos preços de diversas commodities agrícolas, observada nos últimos anos, está, por um lado, associada a um aspecto positivo da evolução recente da economia mundial: a saber, a incorporação de enormes contingentes populacionais, em particular na China e Índia, mas também no Brasil e em outros países de desenvolvimento, a melhores padrões de consumo. Por outro lado, aquela elevação foi também ocasionada pela própria política de barreiras alfandegárias e de subsídios à agricultura, inclusive para a produção de biocombustíveis, praticada na União Européia e nos Estados Unidos. Trata-se de uma política que, sem dúvida, inibe o desenvolvimento agrícola nos países tropicais, exatamente onde ainda há grandes estoques de terras não utilizadas, e que acaba por dificultar que a exitosa experiência agroindustrial brasileira se dissemine por outros países latino-americanos e africanos.
Antonio J. A. Meirelles é professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (FEA).
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/maio2008/ju396pag9a.html
Acesso em 17/08/2012
Dilemas como estes, pelo menos no caso brasileiro, deveriam ser analisados à luz de uma experiência de mais de 30 anos na produção de bioetanol. Apesar dos equívocos que se possa atribuir ao Pró-Álcool, o certo é que o êxito obtido parece hoje inegável. Baseado, desde seu início, no binômio Alimentos e Energia, o Pró-Álcool aumentou a flexibilidade da produção sucro-alcooleira, viabilizando uma enorme ampliação das escalas de produção e um rápido processo de incorporação, aperfeiçoamento e desenvolvimento de tecnologias. O resultado foi a expansão da produção de açúcar a uma taxa anual de 4,6% e a de álcool a 9,5% nos últimos 36 anos.
Se colocarmos o total de açúcar e de álcool produzidos no país em uma base única, expressa na forma de álcool hidratado equivalente por hectare de área plantada, pode-se estimar que a produtividade agroindustrial do setor sucro-alcooleiro cresceu, desde o início do Pró-Álcool, a uma taxa anual de 3,8% (vide Nastari, 2005). Este índice é o resultado de significativos ganhos de eficiência produtiva: ganhos na quantidade de cana por hectare, de 53 toneladas em 1977 para 80 em 2003, no teor de açúcar contido nesta cana, de 9,5% para 14%, no rendimento da extração, de 88% para quase 98%, no tempo de fermentação do caldo, que caiu a quase ¼ do valor vigente no início do período, e no teor final de álcool no vinho, o qual praticamente duplicou durante estes quase 30 anos (vide Amorim e Lopes, 2005).
A expansão da produção sucro-alcooleira deslocou outras culturas agrícolas ou ocupou terras utilizadas anteriormente pela pecuária, mas, apesar de todo seu crescimento, a lavoura canavieira ocupa atualmente cerca de ¼ da área utilizada pela soja, menos da metade daquela ocupada pelo milho e pouco menos de 10% do total de área atualmente cultivada no país. Por sua parte, este total corresponde a cerca de 20% dos mais de 300 milhões de hectares considerados como agricultáveis no território nacional. Desta forma, o espaço ocupado pela cana para o fim exclusivo de produção de bioetanol corresponde a menos de 1% da terra agricultável nacional, já que a produção de açúcar e de álcool divide, de forma aproximadamente igual, a quantidade total de cana cultivada. À luz destes dados não parece muito provável um conflito entre alimentos e combustíveis pela terra agrícola nacional.
Por outro lado, a expansão da produção de biocombustíveis terá outro tipo de efeito na economia brasileira: ao ampliar significativamente a escala do negócio agroindustrial e reduzir os custos unitários de produção, aquela expansão deverá viabilizar economicamente a produção de diversos outros bioprodutos para alimentar vários segmentos industriais. A recente parceria entra grandes empresas químicas e usinas tradicionais para a produção do “plástico verde” (polietileno derivado do etanol) indica uma trajetória cada vez mais provável para vários bioprodutos.
A combinação da produção de óleos vegetais e biodiesel deverá não só repetir o sucesso do binômio açúcar e álcool, como também ampliar o leque de possíveis bioprodutos a serem gerados de matérias-primas agrícolas (vide Schuchardt et al., 2001). A transformação das unidades agroindustriais em biorrefinarias, capazes de produzir uma gama variada de insumos renováveis e se constituindo em um segmento industrial de base biotecnológica, é uma possibilidade colocada no horizonte de nosso desenvolvimento econômico.
De fato, pela disponibilidade de terras agricultáveis, por possuir uma agroindústria já madura, por ter uma mão-de-obra especializada com capacidade comprovada de desenvolver tecnologias agrícola e industrial próprias, por possuir um setor produtor de bens de capital para a agroindústria já desenvolvido, e pelos mais de 30 anos de experiência acumulada com a produção conjunta de alimentos e biocombustíveis, o Brasil parece ser na atualidade o país que reúne as melhores condições para viabilizar uma trajetória deste tipo.
Não há dúvida de que tal evolução aumentará a pressão sobre a agricultura, requerendo uma contínua elevação de sua produtividade, mas os benefícios que gerará no longo prazo não estão somente associados ao desenvolvimento econômico, tecnológico e social, como também à garantia de uma maior sustentabilidade deste desenvolvimento, do ponto de vista ambiental, já que tal evolução significará transitar para uma economia crescentemente baseada em recursos renováveis.
Vale, por fim, mencionar que a elevação dos preços de diversas commodities agrícolas, observada nos últimos anos, está, por um lado, associada a um aspecto positivo da evolução recente da economia mundial: a saber, a incorporação de enormes contingentes populacionais, em particular na China e Índia, mas também no Brasil e em outros países de desenvolvimento, a melhores padrões de consumo. Por outro lado, aquela elevação foi também ocasionada pela própria política de barreiras alfandegárias e de subsídios à agricultura, inclusive para a produção de biocombustíveis, praticada na União Européia e nos Estados Unidos. Trata-se de uma política que, sem dúvida, inibe o desenvolvimento agrícola nos países tropicais, exatamente onde ainda há grandes estoques de terras não utilizadas, e que acaba por dificultar que a exitosa experiência agroindustrial brasileira se dissemine por outros países latino-americanos e africanos.
Antonio J. A. Meirelles é professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (FEA).
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/maio2008/ju396pag9a.html
Acesso em 17/08/2012
10/07/2007 - 19:30
Etanol e biodiesel: energia para quem?
Num modelo que traz impactos negativos a comunidades tradicionais, procura-se transformar o Brasil em grande exportador de combustíveis líquidos, destinando grandes extensões de terra para a monocultura.
Por Heitor Scalambrini Costa *
Muitos acreditam e manifestam a crença de que o mercado pode ser o responsável pela implantação da filosofia do desenvolvimento sustentável. Acreditam que, com o decorrer do tempo, e com o surgimento de novas tecnologias, os problemas ambientais podem ser sanados e superados, resultando numa melhoria do bem-estar social ou mesmo na diminuição das desigualdades sociais.
O fato é que o desenvolvimento sustentável não pode ser tratado apenas como uma questão restrita a políticas ambientais e tecnológicas. Os problemas da desigualdade social e do modo de produção atual são os obstáculos para se alcançar uma forma de desenvolvimento capaz de preservar o meio ambiente e, ainda assim, proporcionar melhores condições de vida às pessoas excluídas do sistema de trabalho. Um modelo sustentável só será possível a partir da mudança dos modos de produção e de consumo da sociedade.
É a razão capitalista com base no consumismo, no militarismo e na da lógica de acumulação do capital que está levando o nosso planeta - e os seres vivos que o habitam - a uma situação catastrófica do ponto de vista do meio ambiente, das condições de sobrevivência da vida humana e da vida em geral.
A questão central é como vamos mudar o sistema de produção. Na medida em que muda a produção, muda também o consumo. A produção comanda e obriga o consumo. Se há preocupação em mudar a questão ambiental é preciso pensar em mudar o sistema de produção, o modelo atual da civilização ocidental industrializada.
Discutir, portanto, uma mudança na matriz energética que realmente busque preservar a vida e o bem-estar dos indivíduos no planeta tem que levar em conta uma profunda transformação nos padrões atuais de produção/consumo, no estilo de vida, no conceito de "desenvolvimento" vigente e na própria organização de nossa sociedade. Entende-se que, para concretizar uma estratégia em bases sustentáveis, seria necessário investir em alternativas renováveis como a energia eólica, solar térmica, fotovoltaica, marés, ondas e biomassa. Porém, discutir novas fontes de energia implica, em primeiro lugar, refletir a serviço de quem estará esta nova matriz, e levar em conta quem se beneficiará ou a qual propósito ela servirá. Ou seja, energia para quê? E para quem?
Neste contexto, vejamos o que está ocorrendo em nosso país com relação à produção do etanol e do biodiesel. Com base no modelo do agronegócio, que destina grandes extensões de terra para a monocultura, procura-se transformar o Brasil em grande exportador de combustíveis líquidos com o apoio e a ganância de grandes grupos econômicos e fundos de investimentos. Este modelo causa impactos negativos em comunidades camponesas, ribeirinhas, indígenas e quilombolas, que têm seus territórios ameaçados pela expansão do capital.
O que se verifica hoje é a compra de terras por estrangeiros (japoneses, chineses, americanos, franceses, holandeses e ingleses) que estão aportando no país, comprando usinas e formando um estoque de terras que rende uma valorização acelerada, na linha da especulação típica das zonas urbanas. O Brasil entra com a terra, a água, o sol e mão-de-obra barata, enquanto eles colhem, exportam e vendem o produto, aplicando os lucros lá fora. Ficam com o verde da cana e dos dólares e, nós, com o amarelo da fome.
Legalmente, estrangeiros só podem comprar no Brasil o equivalente a três Módulos de Exploração Indefinida - área determinada por legislação específica que varia de acordo com a região do país, podendo atingir até 100 hectares. No entanto, representantes de outros países estão comprando terras brasileiras em abundância. Há uma lei que fala da aquisição de terras por estrangeiros. De acordo com ela, pessoas físicas de outros países só podem comprar mais que três desses módulos através de concessão governamental. Além disso, empresas e pessoas físicas estrangeiras não podem ter, juntas, mais do que 25% da área de um município.
Por isso, florestas públicas e terras estão sendo repassadas a estrangeiros por concessão. Se não defendermos a soberania nacional, o imenso canavial Brasil estará produzindo combustível para os países industrializados que, na defesa de seus interesses, cuidarão da segurança de seus negócios aqui. Ou seja, regressaremos ao estágio colonialista de República, não das bananas, mas da cana.
Em particular, a expansão da cana-de-açúcar no país para produção de etanol pode avançar sim sobre áreas onde atualmente se cultivam gêneros alimentícios, além de colocar em risco a integridade de importantes biomas, como a Amazônia, o Pantanal e a Caatinga. Até agora, não foi feito nenhum estudo aprofundado sobre as conseqüências e impactos da expansão das lavouras de cana e de plantas oleaginosas. Este modelo de expansão da produção de biocombustíveis coloca em risco a soberania alimentar e pode agravar profundamente o problema da fome no Brasil e no mundo, com efeitos perversos para a população mais pobre.
Sem abandonar estas fontes de riqueza para o país, o modelo agrícola a ser adotado deve estar baseado na agroecologia, no zoneamento agrícola e na diversificação da produção. Ele deve ser orientado por um sentido de desenvolvimento, que fortaleça a agricultura familiar e o desenvolvimento regional, e não pela lógica de querer, acima de tudo, transformar o Brasil
em um grande exportador de combustíveis.
em um grande exportador de combustíveis.
Tem se afirmado com insistência, ao longo dos anos, que não existe solução para os problemas urbanos do Brasil sem melhorar a qualidade de vida no campo. Assim, a questão crucial não deve ser plantar isto ou aquilo, mas sim "plantar para quê e para quem". Essas questões, por sua vez, devem estar subordinadas a uma pergunta mais geral: qual padrão de desenvolvimento e de consumo a sociedade brasileira deseja? A produção de biocombustíveis como etanol e biodiesel só faz sentido se melhorar a qualidade de vida do povo.
Não é difícil imaginar os motivos do apetite internacional pelo etanol e biodiesel brasileiro. Resta saber se nos âmbitos público e privado saberemos usar esse potencial de forma criativa e estratégica. Caso contrário, uma vez mais irá prevalecer à lógica do imediatismo, que gera lucros exorbitantes para poucos no início para depois deixar a conta para a sociedade.
* Heitor Scalambrini Costa é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador de projetos do Centro de Estudos e Projetos de Energias Renováveis (Naper-Solar)
Acesso em 17/08/2012
Etanol: "verde" enganador
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Corrida às terras férteis
Neocolonialismo / África |
Corrida às terras férteis |
Convencidos de obter grandes lucros, muitos bancos, fundos de investimento, grandes grupos industriais, Estados e milionários privados planejam instalar, na África, fazendas-empresa gigantes, a fim de produzir alimentos e biocombustíveis exclusivamente para exportação
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por Joan Baxter |
Entre 18 e 19 de novembro de 2009, o Centro de Conferências Elizabeth II, em Londres, acolheu investidores britânicos em Serra Leoa. No fórum, o ex-primeiro-ministro Tony Blair, cuja fundação para a África patrocinou o evento, incitava os participantes a adquirirem propriedades rurais num país que, em suas palavras, “dispõe de milhões de hectares de terras aráveis1.” Levado pelo seu entusiasmo, Blair parece ter se esquecido dos milhões de serra-leoneses que dependem das culturas que produzem nestas áreas.
Convencidos de obter grandes lucros, muitos bancos, fundos de investimento, grandes grupos industriais, Estados e milionários privados planejam instalar, na África, fazendas-empresa gigantes, a fim de produzir alimentos e biocombustíveis exclusivamente para exportação. Essas operações de venda de lotes e arrendamento em longo prazo são prontamente rotuladas como programas de desenvolvimento para o benefício mútuo, tanto dos poderes financeiros envolvidos quanto dos países africanos.
Entre os defensores desta abordagem estão a Sociedade Financeira Internacional (IFC), do Banco Mundial2, e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), agência especializada das Nações Unidas. Apesar da relutância inicial de seu diretor-geral, Jacques Diouf, que a descreveu como “uma forma de neocolonialismo”, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) acabou apoiando a proposta.
Numerosos são os exemplos dessa liquidação de terras que está acontecendo na África. A China teria obtido, na República Democrática do Congo (RDC), uma concessão de 2,8 milhões de hectares para implantar o maior palmeiral do mundo3. Philippe Heilberg, CEO do fundo de investimentos nova-iorquino Jarch Capital e ex-representante da gigante de seguros American International Group (AIG), alugou, do senhor da guerra Paulino Matip4, de 400 mil a 1 milhão de hectares no sul do Sudão. Recentemente, o Congo ofereceu a industriais do setor agroalimentício da África do Sul dez milhões de hectares da preciosa floresta tropical – área já declarada como ameaçada. “Banco de terras” Em novembro passado, sob a liderança do empresário saudita, de origem etíope, Mohamed Ali Al-Amoudy, cinquenta das maiores empresas a Arábia Saudita organizaram um fórum na Etiópia, com vistas a implantar fazendas exclusivamente para a exportação5. Enquanto isso, o indiano Sai Ramakrishna Karuturi, competindo com a gigante do agronegócio Cargill, alega que ter o maior “banco de terras” da África negra, principalmente com base na Etiópia6. Enquanto esse país, atingido pela seca, apela para a ajuda alimentar, o seu governo, que já cedeu 600 mil ha, se prepara para colocar mais 3 milhões ha no mercado7.
Muitos líderes africanos parecem seduzidos pela ideia de que a exportação de produtos alimentícios é a solução para a escassez e desemprego endêmicos. Eles são apoiados principalmente pela IFC. Buscando criar um “clima favorável aos negócios”, essa sociedade instalou agências de promoção de investimentos nos países envolvidos, que têm como missão ajudar os empresários a enfrentar obstáculos à liberdade comercial – representados por impostos e leis locais (direitos trabalhistas, direitos humanos, proteção do meio ambiente) e até mesmo pela soberania nacional.
O argumento mais frequente é a subutilização das terras. Ignora-se, contudo, que as áreas em repouso ou improdutivas permitem a regeneração de solos e rios. Além disso, as populações locais retiram dessas áreas florestais “não utilizadas” inúmeros recursos como alimentos, fibras, especiarias, oleaginosas, condimentos e plantas medicinais. O Instituto de Pesquisa em Políticas Alimentares (IFPRI), em Washington, estima que, nos últimos dois anos, 20 milhões de hectares de terra, foram vendidos ou arrendados por períodos que variam de 30 a cem anos, em pelo menos 30 países, sobretudo na África8. A ONG Grain, que tenta identificar essas operações, disse que elas são pouco transparentes, e muitas vezes tão rápidas, que é difícil precisar os números9. Alguns contratos, celebrados em alto nível, são obtidos discretamente, por trás de portas fechadas, muitas vezes com a cumplicidade dos chefes costumeiros. Apesar de considerados guardiões da terra, esses líderes locais se deixam convencer em troca de empregos de baixa remuneração na plantação dos investidores. Preocupados com a falta de terra cultivável e querendo garantir sua segurança alimentar, os ricos Estados do Golfo Pérsico e vários países asiáticos estão entre os primeiros nesse “mercado”. Já para os operadores financeiros e os grandes grupos industriais, o objetivo é produzir biocombustíveis a partir de alimentos (cana-de-açúcar, óleo de palma, mandioca, milho) ou pinhão manso, uma planta considerada por alguns como o “ouro verde”, pois produz óleo com propriedades próximas ao diesel. Tudo isso em países africanos em luta constante por sua própria segurança alimentar, devido ao esgotamento dos recursos hídricos e as alterações climáticas, pelas quais eles não são nem um pouco responsáveis. Crise de alimentos A exploração intensiva das terras poderia também afetar o equilíbrio natural. Os pequenos produtores, que plantam a maior parte dos alimentos essenciais do continente por meio da agricultura de subsistência, participam na preservação da biodiversidade10 com colheitas repletas de variados vegetais. Porém, eles estão cada vez mais ameaçados pelos gigantes do agronegócio e sua monocultura (ver box). A crise global de alimentos acelerou a corrida por terras na África. No entanto, os 1 bilhão de desnutridos do mundo não são vítimas da penúria, e sim da falta de acesso aos alimentos, cujos preços continuaram a subir em 2008. Esse aumento, fora de qualquer proporção é, em parte, devido aos ventos da especulação decorrente da decisão dos países europeus e dos Estados Unidos de se voltarem para os biocombustíveis. É irônico notar que os americanos, apesar de estimulares a luta contra as mudanças climáticas, são em parte responsáveis pela anexação de terras agrícolas. A crise econômica, também, tem desempenhado um papel neste movimento: depois da quebra, em setembro de 2008, a comunidade financeira começou a procurar novos investimentos, seguros e muito rentáveis. A seu ver, “a terra é um investimento tão seguro ou ainda mais seguro do que o ouro11.” O relator especial sobre o Direito à Alimentação da ONU, Olivier De Schutter, lamentou que os líderes africanos assinem acordos sobre a questão sem consultar os respectivos parlamentos. Além disso, eles são colocados uns com os outros, como concorrentes, em vez de trabalhar em conjunto para impor condições aos investidores estrangeiros tais como desenvolvimento da infraestrutura ou a reserva de pelo menos metade da colheita para os mercados locais.“Quando a comida é escassa, os investidores procuram um Estado fraco que não imponha suas regras”, comentou, cinicamente, Philippe Heiberg, presidente do banco nova-iorquino Jarch Capital12. Mesmo assim, várias organizações africanas tentam fazer com que suas vozes sejam ouvidas. Este é o caso da Copagen, uma coligação pan-africana que reúne cientistas e agricultores e trabalha para defender a soberania sobre as sementes e alimentos. Em 17 de outubro de 2009, 27 associações que a integram assinaram uma carta pedindo aos líderes do continente que retirassem seu apoio à agricultura industrial. Até agora não receberam qualquer resposta. Financiamentos internacionais É verdade que muitas das operações de monopolização das terras agrícolas ainda estão em fase de projeto. Mas, a não ser por acidente, um “projeto” é feito para ser concluído. Por outro lado, a compra massiva dessas terras, com a única finalidade de especulação financeira, traz consigo as raízes de conflito, desastre ambiental, o caos político e a fome, em um grau nunca antes conhecido. No âmbito da reunião mundial da cúpula sobre segurança alimentar, em Roma, em novembro passado, a FAO disse que estava trabalhando com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o FIDA e o Banco Mundial, num “código de boa conduta” para os empresários estrangeiros. Regulamentos internacionais também poderiam incentivar os investimentos agrícolas “responsáveis”. Esses compromissos, contudo, são muito fracos. As soluções existem. A concessão de microcréditos, a construção de estradas para facilitar a venda de produtos agrícolas nos mercados locais, o acesso à formação para permitir que os agricultores melhorem suas técnicas de cultivo, já orientadas para a biodiversidade, suas colheitas e o armazenamento e a redução das importações, que desvalorizam seu trabalho, seriam um investimento muito mais construtivo no capital humano e na agricultura da África.
Joan Baxter é jornalista e escritora, autora de Poeira de nossos olhos - Um olhar sem piscar da África, Wolsak e Wynn Publishers Ltd., Hamilton (Ontário, Canadá), 2008.
1 Serra Leoa aberta para negócios, Awoko, Freetown, Serra Leoa. 23 de novembro, 2009.
2 Segundo o relatório da IFC, publicado em julho de 2009, um recorde $ 2 bilhões de dólares foram investidos, em 2009, na indústria de agroalimentos, ou, 42% a mais que no ano passado.
3 Olivier De Schutter, relator especial da ONU pelo Direito à Alimentação, publicou, em 11 de junho, 2009, uma chamado para a inclusão de um conjunto de princípios relacionados aos direitos humanos como base mínima nos contratos.
4 Daniel Shepard e Anuradha Mittal, “A Grande toma de terras: corrida para as terras cultiváveis do mundo ameaça a segurança alimentar dos pobres”, Oakland Institute, Oakland, Califórnia, 2009.
5 Wudineh Zenebe, Al-Amoudi esforços para iniciar os agroinvestimentos sauditas, Addis Fortune, Addis Abeba, 29 de novembro, 2009.
6 Asha Rai, O jardineiro constante, The Times of Índia, Bombaim, 26 de setembro, 2009.
7 A Etiópia está entregando 2,7 milhões de hectares, Daily Nation, Addis Abeba, 15 de setembro, 2009.
8 Joachim Von Braun e Ruth Suseela Meinzen-Dick, Aquisição de terras por investidores estrangeiros nos países em desenvolvimento: riscos e oportunidades, IFPRI, Policy Brief 13, International Food Policy Research Institute, Washington, abril, 2009.
9 “Precisamos acabar com o acaparamento mundial de terras!” Declaração de Grain, na Reunião de Cúpula Mundial da Alimentação, em Roma, 16 de novembro, 2009.
10 Miguel A. Altieri, Agroecologia, pequenas propriedades e soberania alimentar, The Monthly Review, Nova Iorque, julho-agosto, 2009.
11 Chris Mayer, Esse ativo é como o ouro, só que melhor, DailyWealth, Vancouver, 4 de outubro, 2009.12 Knaup, Horand e Von Mittselstaed, Os investidores estrangeiros arrebatam terras cultiváveis africanas, Der Spiegel, Hamburgo, 31 de julho, 2009.
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03 de Janeiro de 2010 |
Palavras chave: África, agricultura, alimentação http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=603 Acesso em 17/08/2012 |
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